Ricadro Alexandre Pavan
Resenha:Através do livro fica explicado como era o funcionamento social da civilização micénica que viveu sob uma cortina de lendas até ano de 1876, pois neste ano ela foi descoberto por um comerciante e aventureiro alemão Henrique Schieliemann através de escavações na cidades de Micenas, encontrou túmulos reais com uma imensidade de artigos fúnebres, o que produziu descobertas inovadoras que comprovaram a existência de uma civilização esquecida que recebeu o nome da cidade que apresentou a sua história para a atualidade e esse período passou a chamar-se de Idade Micénica.
Depois de pesquisas mais aprofundadas mostraram que a civilização micénica não deixou marcas somente no continente grego, mas também nas ilhas egéias e nas regiões que bordejam a zona central e oriental do Mediterrâneo, ligações feitas principalmente através de escavações que revelavam um tipo de cerâmica comum nestas regiões entre os séculos 1550 a 1100 a. C. As origens da civilização micénica e se a mesma deu origem a Grécia é confusa devido a pouca comprovação escrita encontrada seja pela delicadeza do material usado ou incapacidade dos escavadores em reconhecer inicialmente as “tabuinhas” do Linear B ( pedaços retangulares de barro com cerca de 7,5 cm de comprimento feitas em argila vulgar gravadas enquanto a pasta estava macia e secas ao sol), estes registros de argila da Frécia e de Creta e alguns de Chipre são praticamente os únicos documentos escritos que chegaram até nos do mundo egeu do segundo milênio.
Pelo caminho oferecido pelas descobertas e pesquisas foi aparecendo diante de arqueólogos e estudiosos uma civilização e como ela funcionava, sendo revelado traços do cotidiano de um povo com costumes próprios e bem distintos em alguns aspectos.
Na religião fica destacado a divindade de forma humana que representa uma deusa e o deus é colocado em grau de inferioridade, havendo a insinuação de uma possível união entre a divindeade e o adorador, perpassa conceitos religiosos de equivalência quase universal , cria-se pouco mistério e distinguem-se dois tipos de credo, um direcionado a Mão Terra, que tem ligação com o povo agrícola e sedentário e outro inspirado no céu e no seus elementos, fonte de orientação natural para tribos nômades.
A vida em sociedade se mostrada muito evoluída onde aponta a existência de diversos e pequenos reinos onde o rei da cidade de Micenas, que era a maior, sobrepunha a suas ordens aos demais reis, fato este prejudicado pela geografia, que dificultada a comunicação entre estes reinos de forma absoluta. Possuíam uma burocracia muito bem organizada. O modelo de governo era exercido por um rei chamado wanax que mantinha uma ligação com o sagrado, formando o topo da hierarquia social formada também por lawaqetas , chefe do exército, que junto com o rei tinha posse de terras e criados próprios seguido pelos te-re-ta, que mantinham ligações com ritos religiosos e terminava com seu seguidores chamados de hequelai.
A escravidão era comum havendo relatos nas tabuinhas da sua existência seus comércio, realizado em mercados de escravos, suas ocupações e origens.
Na qualificação profissional, chama a atenção que a distribuição do trabalho que era realizado por nativos ou escravos, que ao trabalharem com bronze (muito usado para o exército), tinham reduções nos impostos, a marcenaria era uma profissão tida como muito especializada, fiar e tecer eram reservadas as mulheres, outras profissões como perfumistas e costureiros eram citadas. A medicina fica lembrada por uma única referência a este profissional não havendo detalhes sobre esta profissão.
Quanto à posse da terra, podia ser comunitária ou privada existindo terras colocadas em nome de deuses.
Na Agricultura era utilizada a maior parte da mão de obra que possuía boa organização tendo deixado muitos registro para esta referência.
O desaparecimento desta civilização fica a cargo de inúmeras invasões produzidas por povos migrantes em massa que foram impelidos pela fome, também por ataque feito pelos Dórios, povo que tinham características nômades e o empobrecimento produzido pela elite governante descontrolada, fez sucumbir entre outras civilizações a sua existência.
Trecho Selecionado:
A vasta distribuição da sua cerâmica testemunha o poderio e a fama da Grécia micénica na Antiguidade, mas no que se refere à forma e organização da sociedade que criou uma tão proeminente posição pouco se sabe. As tabuinhas fornecem algumas pistas para esclarecimento deste problema, mas o seu valor e a sua interpretação a dar-lhes são muito discutíveis. Homero faz muitas referências às relações entre reis, mas isto podia refletir o sistema de governo vigente na época em que ele escrevia (séculos IX-VIII) e é possível que não nos dêem portanto um testemunho da época micénica. Tomando como base Homero, a arqueologia e as inscrições das tabuinhas, podemos formar o quadro de um certo número de pequenos reinos com um rei ocupando um lugar superior aos outros; uma tal posição era certamente ocupada pelo senhor de Micenas, uma cidade que a arqueologia provou ter sido mais rica e mais forte do que outras, Mas a própria geografia da Grécia torna difícil a qualquer governante exercer um domínio absoluto e indiscutível sobre o resto do continente e o caso torna-se ainda pior no que se refere às ilhas e colônias distantes,como acontece com Rodes e Chipre. As montanhas da Grécia dividem o país em regiões distintas. Viajar por terra era muito difícil então, tendo de se confiar nas comunicações por mar, e daí ser o domínio deste um fator tão importante .
Os registros meticulosos guardados no Palácio de Nestor, e certamente em todas as outras residências reais, são o testemunho de uma burocracia bem organizada, comparável á dos grandes reinos do Egito e da Babilônia, com quem os Micénios certamente aprenderam. Mas seria um erro transplantar sistemas de governo que já conhecemos para a Grécia desconhecida. Os métodos teriam sido importados, mas as idéias não. Deve ter havido uma certa semelhança, porque a própria natureza da burocracia tende a sobrepor o seu próprio caráter . Pelas tabuinhas tomamos conhecimento de um sistema hierárquico, mas as atribuições dos funcionários não são claras. No topo estava o wanax, o rei. Este título também se aplica aos deuses, de onde de onde se pode deduzir que o rei eraq considerado de certo modo sagrado. A seguir ao rei estava o lawaqetas , chefe do exército. Só ele, além do rei, tinha o seu próprios temenos ( posse de terras segundo Homero) e a sua própria criadagem. Seguidamente parece virem os te-re-ta, (possuidores de terras), palavras que pode ser a mesma do grego clássico telastai (as letras l e r são representadas na escrita por uma única série de sinais). Alguns deveres dos te-re-ta podem ter estado ligados com ritos religiosos, e na época clássica telestas era também um título religioso. Finalmente havia os hequelai, os seguidores.
As referências que surgem nas tabuinhas acerca da posse de terras indicam que o sistema era tanto comunal como privado. Algumas terras estavam inscritas em nome do deus. Em Pilo, por exemplo, lançavam-se anualmente impostos para Posídon, aquele que faz tremer a terra. A palavra baliseus, rei, aparece frequentemente nas tabuinhas, mas vê-se que não tem o mesmo significado que na época clássica. O basileos parece ocupar um lugar relativamente baixo na escala social. Em Homero, por outro lado, não há aparente distinção entre anax e baliseos.
Segundo as tabuinhas, é evidente que a escravatura era uma instituição familiar. Há listas de mulheres escravas, das suas ocupações e origem. Algumas delas teriam vindo de Lemnos, Cnido e Mileto, locais situados na costa ocidental da Ásia Menor ou perto dela. Mileto era uma colônia micénica e os outros dois locais constituíam, possivelmente, postos comerciais. Os escravos eram também mencionados como tendo vindo de Citera, ao largo da costa meridional do Peloponeso. Todos estes lugares podem ter sido mercados de escravos.
A distribuição do trabalho, quer escravo quer nativo, está atestada em nalguns pormenores. Os artífices do bronze gozavam de uma situação especial, como convinha a uma profissão tão melindrosa – uma daquelas de que dependia o destino do exército. Tinham direito a benefícios extras sob a forma de reduções de impostos. Uma outra profissão tão especializada era de marceneiro e incluía trabalhos de embutidos. Cardar, fiar e tecer eram ocupações de mulheres. Também havia referências aos alabardeiros, costureiros e perfumistas. Sabe-se que usavam a roseira, o cyperus e a salva com uma base de azeite como ingredientes para a manipulação de perfumes. Registra-se uma só vez a existência de um médico, mas não há pormenores da sua profissão.
A parte econômica que empregava o maior número de pessoas seria naturalmente a agricultura, que pareça ter sido muito bem organizada, a julgar pelos numerosos registros que lhe dizem respeito: registro de entrega de produtos agrícolas, impostos devidos ao palácio, uma parcela posta de lado para uma divindade, etc
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