RICE, D. Os Bizantinos. Editorial Verbo, 1970.

Nome do aluno: Aline Marjorie Rocha

Resenha: Nesta obra o autor tem como por objetivo mostrar a ascensão e evolução do que foi considerado a extensão do poder romano no Oriente, o Império Bizantino.

O autor relata que a formação do povo bizantino se deve a várias etnias. Primeiramente se dá conta do domínio dos romanos, que logo foram assimilados por conta de serem poucos seus representantes e por causa da força étnica grega, já que eles eram maioria na capital Constantinopla. Outras etnias também se englobam a Ásia Menor e os Bálcãs Orientais. Eram considerados bizantinos também os Armênios que se auto-introduziram no Estado. Deixa-se claro também que as mudanças étnicas não se expandiram por todo o império, tendo permanecido algumas nações com as mesmas características até hoje, como é o caso da Ásia Menor.

O autor trata também de dar uma visão geral da cidade de Constantinopla, a capital do império. Percebe-se que a cidade foi tanto de uma estrutura física e geográfica extraordinária. A sua posição, situada entre o Corno de Ouro, e contornando até o Mar da Mármara transformava-a numa fortaleza, sendo ainda mais protegida por uma muralha, erguida primeiramente pelo imperador Constantino - de quem a cidade herdou o nome - e estendida por Teodósio.

Uma das estruturas mais notáveis em Constantinopla era seu sistema de aqueduto e suas cisternas de água, uma modernidade impressionante para a época. As cisternas eram reservatórios de água, que poderiam ser usadas pela população caso a cidade fosse sitiada pelos inimigos, o autor comenta sobre essa invenção, ”algumas eram abertas, do tamanho de lagos, outras subterrâneas com tetos apoiados em colunas e arcos. Umas quarenta cisternas ainda sobrevivem hoje, algumas delas ainda cheias de água”.As condições climáticas também favoreciam a agricultura e o mar era abundante em dar peixes. Os vegetais e os peixes eram a base da alimentação do povo bizantino.

A arte bizantina em geral tinha motivos religiosos, e exerceu forte influência no exterior, uma força tão grande que mesmo após a queda do império ela permaneceu.Sua arquitetura pode ser vista até hoje, espalhada pela Europa. A origem do estilo arquitetônico bizantino se deve a mistura de várias influências, mas tendo como principal a influência romana. Essa arquitetura foi aplicada em sua maioria, nas construções das igrejas, tendo como linhas mais conhecidas e características, as cúpulas abobadadas.

O caráter social dos bizantinos era curioso, pois eram um povo extremamente independente. Havia escravos, mas eles eram bem tratados, não sendo pertencentes somente a um patrão, podendo servir a outros e consequentemente comprarem sua liberdade.Na questão política, a população era de opinião tão influente, que desviava dos cargos governamentais quem não lhe agradasse. Quanto as classes o autor cita que as diferenças entre eles se dava geralmente pelo modo de vestir e pelas moradias.

A religião tinha papel importantíssimo na vida dos bizantinos, tanto no cotidiano, quanto no curso de sua história. Sua religião oficial era o cristianismo ortodoxo.

O império teve seu fim em 1453, com a queda da cidade de Constantinopla. Era o fim do império que dominou a cultura mundial por 900 anos. Mas que mesmo com o seu fim, ficou marcada como um dos maiores impérios já existentes.

Tudo isso é mostrado nessa obra de David Rice, um livro de grande importância para quem deseja conhecer os aspectos mais fascinantes do Império Bizantino.


Título do Trecho selecionado: “A sua história”

A nossa história, de certo modo, começa com a fundação de Constantinopla como Nova Roma, em 330, pois foi então que nasceram as novas idéias que haviam de formar a base do Estado Bizantino. Foi o estabelecimento do patriarcado ali, em associação íntima com o imperador, que levou eventualmente ao rompimento entre as duas Igrejas, a ortodoxa e a latina. Foi a concentração do governo do Oriente que levou à adoção de uma nova feição e ao estabelecimento do que Baynes chamou “novo mundo do pensamento”. O Palácio dos Imperadores, nos socalcos que dominavam o mar da Mármara, que mais tarde se tornaria o centro do mundo civilizado, foi principiado por Constantino. A idéia de uma grande muralha a ligar o Corno de Ouro com o mar da Mármara concebeu-a ele, que também começou a construção da primeira Santa Sofia, que se havia de tornar o centro da cristandade ortodoxa.

Mas os primeiros dois séculos da vida do novo império foram realmente o prelúdio para o nosso período (mais do que uma parte constituinte dele), ainda que produzissem muitas obras de arte mais bizantinas do que romanas. A língua da corte era o latim e não o grego. As moedas mal podem ser classificadas como bizantinas antes do tempo de Anastácio I (491- 518). A velha aristocracia patrícia continuava poderosa. Havia ainda lugar para um imperador como Juliano (361 – 363) se voltar para os deuses pagãos. A antiga forma basilical continuava a aderir à arquitetura da igreja. Nesse tempo, ainda havia imperadores em Itália, e o papel desta no desenvolvimento das artes e das idéias era separado e distinto. Certamente que as idéias estavam a mudar, mas a época era mais “cristã primitiva” do que bizantina, e os olhos do Mundo dirigiram-se para o passado tanto como para o futuro.

O ano 500, contudo, marca um ponto decisivo. Tinham cessado de governar do Ocidente imperadores independentes. Por essa época, uma arte que já não era romana começava a desenvolver-se, e um novo modo de viver e uma nova feição tinham sido estabelecidos. Deve-se, no entanto, à lei de um homem de gênio notável, Justiniano (527 – 565), o fato de a marca ter sido firmemente impressa no novo Estado, em particular na esfera política. É difícil concluir se o maior crédito lhe deve ser atribuído pela sua perspicácia de construtor e patrono das artes, pela obra que inspirou uma codificação das leis que até hoje tem afetado a legislação, ou seja pela sua energia de conquistador que alongou as fronteiras do Império quase até aos seus limites, como no auge do imperialismo romano. Ou será que devemos distinguir mais, talvez, pela sua inteligência em selecionar homens que o deviam servir? Belizário, o general que conquistou a África em 533; Narses, o Eunuco, que concluiu com êxito as campanhas de Belizário em Itália cerca de 555; Triboniano, a quem foi confiada a tarefa de codificar as leis; Antémio de Trales – o primeiro dos arquitetos, “não só dessa época como de todos os tempos”, conforme um contemporâneo escreveu - , que construiu Santa Sofia; João da Capadócia, a quem foi confiada a pouco invejável tarefa de levantar fundos públicos para financiar todas essas vastas empresas.

Justiniano tem sido descrito como o último imperador romano; mas verdadeiramente, ele foi o primeiro bizantino, pois que o seu alvo era mais assegurar o triunfo do novo Estado cristão do que restaurar o Império Romano. Fechou a universidade pagã em Atenas em 529 e aboliu muitas das antigas repartições, entre elas o Consulado em 541. E, mais do que qualquer outro, foi responsável pela centralização do poder e da autoridade, que se havia de tornar a marca de contraste do Império Bizantino.

Desse dia em diante, o papel da capital tornou-se cada vez mais importante, ao passo que as cidades provincianas declinavam. Ele próprio chegou a ser ao mesmo tempo superintendente dos negócios do interior, comandante-chefe do Exército e chefe da Igreja, assim como imperador no sentido convencional do termo.

As leis codificadas e o renome das cidades e dos edifícios que fundou têm sobrevivido através dos séculos para afirmarem a glória do reinado de Justiniano. O Império morreu quase na noite que ele morreu. As tribos góticas do Norte da Itália nunca foram realmente subjugadas, apesar das vitórias de Narses. A Espanha perdeu-se em 572. Os Eslavos começaram a estabelecer-se nos Bálcãs logo após os meados do século VI. E embora a África, a Síria e a Palestina estivessem seguras por algum tempo, caíram facilmente antes do avanço do islamismo no século VII. De fato, embora a prosperidade do reinado de Justiniano deixasse uma marca duradoura nas esferas culturais e artísticas, os efeitos das suas conquistas foram puramente efêmeros e o Império ficou econômica e politicamente mais pobre.

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