PINSKY, J. 100 Textos de História Antiga. São Paulo:Contexto, 2001.

Nome do aluno: Aline Marjorie Rocha

Resenha: O autor em seu livro tem como por objetivo mostrar um pouco da civilização antiga através de textos selecionados que mostram muito dos aspectos daquela época. Jaime Pinsky crê que eles são essenciais para a leitura, devido às poucas fontes que existem, fazendo com que pensemos que a História Antiga é tão fragmentada que passa até por mera mitologia.

Nos textos são abordados vários assuntos e no primeiro capítulo já podemos ter um panorama geral de como era o tratamento dado aos escravos e seus direitos. As leis não mudavam muito de civilização para civilização e as condições dada aos escravos também não, seus direitos eram mínimos, nem sendo considerados cidadões, mas sim um mero objeto, passivo ao seu dono, embora cite um texto, tenha havido uma grande revolta gerada por eles em Roma.

O segundo capítulo tratou das guerras de conquista, a maioria delas era feita por grandes impérios como o Egípcio, Romano e Persa, mas não deixam de serem citadas as conquistas dos hebreus, a expansão do reino de Alexandre e também as táticas de guerra empregadas em algumas batalhas.

O quarto capítulo trata dos mitos, hinos e cultos dos antigos. Pode se ver as semelhanças em alguns mitos como o dilúvio sumério e o dilúvio hebreu com a famosa Arca de Noé,e o nascimento de Sargão e o de Moisés.São vistos os hinos de louvor aos deuses egípcios e os ritos e festas oferecidos a outras divindades, o mito do aparecimento dos deuses gregos e por fim uma sátira sobre os cultos e rituais romanos aos seus deuses.

O quinto capítulo trata das mudanças políticas ocorridas nos vários reinos e impérios da Idade Antiga. Há a descrição de golpes políticos, reformas legislativas, aliviando ou piorando a situação do povo dependendo do governante. As reformas mais citadas são as do Império Romano.

No sexto capítulo se notar as diferenças dos sistemas e órgãos políticos. Pode se ler a democracia do ponto de vista do filósofo Aristóteles e de Péricles. Também são encontrados textos sobre a República Romana, dando um panorama de seus três poderes: Cônsules, Senado e Povo. Outros textos relatam sobre a luta conta a dominação da tirania.e críticas sobre a política.

A situação da família, da educação e da mulher é vista no capítulo sete. São descritas as leis sobre divórcio e adultério, como era a educação, nas diferentes cidades, como Esparta e Atenas,e uma critica a educação dos jovens romanos.

O oitavo capítulo mostra os estilos de vida e muitos outros aspectos das civilizações antigas.No capítulo nove temos as descrições de perfis de homens considerados heróis como Teseu e outros loucos como Calígula. No décimo e penúltimo capítulo são explicadas as leis sobre a propriedade e nota-se as semelhanças entre umas e outras.O último capítulo da obra é sobre historiografia.Ali são questionados os métodos históricos, e quais os motivos que levam um historiador a escrever sobre algo.

Enfim, torna-se claro que essa obra além de importante, é um dicionário eficiente de documentos que podem ser usadas para esclarecer muitas das dúvidas que se tem sobre as civilizações da Antiguidade.


Título do trecho selecionado: “A fundação de Roma: Tito Lívio”

Conta-se que o primeiro agouro apareceu a Remo: eram seis abutres. Acabava de ser anunciado, quando Rômulo viu doze deles, e ambos foram proclamados reis por seus partidários. Um baseava suas pretensões na primogenitura, o outro no número das aves. Durante o debate que se seguiu, sua cólera, aumentada pela resistência, ensangüentou a disputa. Em meio à desordem, Remo, ferido, cai morto. Uma tradição mais corrente relata que Remo, para insultar o irmão,saltara as novas muralhas e que Rômulo, no arrebatamento de sua fúria, matou-o dizendo: “Assim há de morrer aquele que transpor minhas muralhas.” Rômulo ficou sendo, pois, o único chefe, e a nova cidade tomou o nome de seu fundador. Primeiro, ocupou-se de fortificar o monte Palatino onde fora criado; ofereceu sacrifícios aos deuses segundo o rito de Alba; apenas para Hércules, seguiu o rito grego, estebelecido por Evandro.

Conta-se que Hércules, vencedor de Gerião, conduziu para lá bois de rara beleza e que, depois de atravessar o Tibre a nado, tendo-os á frente, descansou às margens do rio para que o rebanho se refizesse nos pastos abundantes. Exausto, farto de carne e vinho, estendeu-se na relva e adormeceu. Um pastor da província , chamado Caco, temido por sua força extraordinária, foi seduzido pela beleza dos bois e decidiu tomar para si tão rica presa. Mas, trazê-los à sua caverna seria guiar para lá o dono, quando este seguisse o rasto. Ele então escolheu os mais belos e arrastou-os pelo rabo até a sua habitação. Ao raiar do sol, Hércules desperta, olha seu rebanho, percebe que faltam alguns, e corre em direção à caverna vizinha para verificar se as pegadas iam para lá. Todas se afastavam dela. Não sabendo o que resolver diante dessa incerteza, retirou seu rebanho desses pastos perigosos. Na hora de partir, alguns bezerros, sentindo falta das companheiras que tinham perdido, deram mugidos. Os que se encontravam no antro responderam e sua voz chamou atenção de Hércules. Ele se precipitou em direção à caverna. Caco quis fechar o caminho, pediu em vão a ajuda dos pastores e caiu vítima da terrível clava.

Evandro, vindo do Peleponeso refugiar-se nestes lugares, tinha sem autoridade real, grande influência; ele a devia ao conhecimento da escrita, cuja maravilha era nova para estas nações incultas e, mais ainda, à fé na divindade de sua mãe Carmenta, cujas predições tinham enchido de admiração esses povos, antes da chegada da Sibila à Itália. O ajuntamento dos pastores curiosos, em torno do estrangeiro culpado de um assassínio manifesto, chamou a atenção de Evandro, o qual se informa do fato e das causas que o trouxeram até aí; depois, considerando a estatura acima do normal, os traços nobres,ele pergunta ao herói quem é. Quando soube seu nome, o de seu pai e de sua pátria, disse: “Filho de Júpiter, Hércules, te saúdo. Minha mãe, infalível intérprete dos deuses, me predisse que tu devias assentar-se entre os habitantes do céu. A ti, a mais poderosa nação do mundo deve consagrar, neste mesmo lugar, um altar, que se chamará de maior,do qual fixarás o culto.” Hércules estendeu-lhe a mão dizendo que aceitava o agouro e que, para seguir o decreto do destino, ia erguer e consagrar o altar. Escolhe o bezerro mais belo do rebanho e o primeiro sacrifício é oferecido a Hércules.

Os Potícios e os Pinários, as duas famílias mais ilustres da província, assitiram à cerimônia e ao festim. Aconteceu que os Potícios chegaram a tempo, e a carne da vítima lhes foi servida. Os Pinários só chegaram quando esta foi consumida e tomaram parte no final do festim. Vem daí o costume, conservado até a extinção da família Pinário, que lhe proibia a carne das vítimas imoladas. Os Potícios, instruídos por Hércules, foram durante vários séculos os ministros desse culto; mas, quando encarregaram os escravos públicos destas funções confiadas exclusivamente à sua família, todos pereceram. Tal culto foi o único que Rômulo imitou dos estrangeiros;já naquele tempo, ele aplaudia a virtude da imortalidade,para qual o seu destino conduzia.
Terminadas as cerimônias religiosas, ele reuniu numa assembléia geral a multidão que só os liames das leis podiam unir e ditou-lhe as suas;mas, persuadido de que convinha,para merecer o respeito desses homens grosseiros, engrandecer-se a si mesmo com as insígnias do poder, entre outras marcas exteriores de sua potência, elegeu doze litores.Acredita-se que ele escolheu este número por causa das aves que lhe tinham anunciado o império; mas sou da opinião dos que pensam que imitou os etruscos, seus vizinhos, a quem devemos as ordenanças e outros oficiais, as cadeiras curules e a toga pretexta: nos etruscos, o número era de doze, porque doze povos elegiam em comum um rei, ao qual cada um dava um litor.

No entanto a cidade crescia: estendia-se a cada dia, devido às esperanças do fundador do que á população atual. Mas, para concretizar essa grandeza, para atrair as multidões, fiel à política dos fundadores de cidade que, aliciando homens ignorantes e desconhecidos, pretendem que a terra conceba cidadãos Rômulo abriu um asilo no lugar hoje cercado, que se encontra na descida do Capitólio, nos bosques sagrados. A novidade logo atraiu uma multidão de homens livres e escravos. Assim se deu o primeiro passo para a potência da qual se lançavam os alicerces. Satisfeito com suas forças, Rômulo escolhe os meios de usá-las. Elege cem senadores; este número pareceu-lhe suficiente, ou talvez encontrasse apenas cem personagens dignos desse título.
Receberam o nome honorífico de pais e seus descendentes o de patrícios.

TITO LÍVIO, I, VII - VIII.

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