OLIVEIRA, F.W. A Antiguidade Tardia. São Paulo: Ática, 1990.

Nome da aluna: Josiane F. Bueno Ferreira

Neste livro, o autor focaliza o inicio do século xx, quando os historiadores não davam importância ao período final do chamado Mundo Antigo, fascinados com a grandeza alcançada pela civilização criada pelos gregos e romanos e tristes com a trágica visão da Europa. Esse período focalizado pelo autor é conhecido também como antiguidade Tardia, época da crise do século III e a destruição do império romano.

Quando questiona a crise do século III prioriza um estudo das formas de governo da época responsável pelas questões do Império Romano, fazendo uma análise destes três primeiros séculos que já haviam se passado.

Quando aborda o cristianismo, analisa o governo Constantino por ter sido o primeiro imperador a se converter na religião e os problemas sociais e econômicos deste período. Ao final da obra é apresentada uma tábua cronológica do período histórico da Antiguidade Tardia, iniciando com a crise do século III além de um vocabulário critico para melhor compreensão do assunto, complementando o livro com uma valiosa bibliografia comentada pelo autor.

Através de análises dos fatos acontecidos no Império Romano, o autor busca características próprias daquela época, a fim de reconhecer o período da Antiguidade Tardia; conhecido também como Idade Média com uma nova visão: tempo de grandes realizações que marcaram a evolução histórica do Ocidente para nossa civilização e nossa cultura.

Em síntese, o livro é uma contribuição para os leitores do modo direto á cultura que se constituiu na Europa Ocidental, permitindo uma compreensão mais exata de um período de importância decisiva para a história do Ocidente, definido como Antiguidade Tardia.


Trecho: A crise do século III

Antecedentes

Em 161, sucedendo a Antonio Pio, passou Marco Aurélio, descendente, como Trajano, de províncias originários da Espanha, a dirigir os destinos do Império Romano.

Um balanço criterioso do seu tempo de governo leva-nos a considerá-lo negativo; a despeito de uma ampla e moderna tendência no sentido de valorizar, de modo dominante, sua figura de filósofo e autor de textos que lhe conferiram lugar definido na história do pensamento do Mundo Antigo.

No entanto, os resultados pouco satisfatórios das suas lutas contra os invasores partos e germanos, respectivamente, na Ásia e na Europa, a devastação, em conseqüência das guerras no Danúbio, das províncias da Récia, Nórica, Panônia e Mésia, a epedemia de peste que assolou o Império naquela ocasião, o fracasso da sua expedição de conquista contra os marcomanos, a revolta das legiões do Oriente, sob o comando do governador da Síria, Avídio Cássio, a perseguirão que desencadeou contra os cristãos, tudo isto impede que possamos julgá-lo de modo favorável.

Dos dezenove anos durante os quais chefiou o Império, dezessete foram de guerra. A peste e a fome estiveram presentes sobre as terras romanas por todo esse tempo. Vencido Avídio Cássio e assim mantida a integridade territorial de Roma, viu-se forçado a elevar seu filho Cômodo, do nível de César para ode Augusto. E foi esta a fraqueza maior do imperador filósofo. Abandonava-o o princípio da adoção que, desde Nerva, propiciara ao Império excelentes resultados, desastroso. E em 180, com apenas 19 anos, passou a ser o novo imperador.

Podemos afirmar que o governo de Cômodo desagradou quase todos. Com a exceção, talvez, de um pequeno grupo de gladiadores, seus companheiros de lutas contra feras selvagens e seus comparsas em degradantes espetáculos de libertinagem.

Autoritário e despótico indispôs-se, desde logo, com o Senado, em conseqüência do tratado de paz que assinou com os germanos, e procurou, desde então, apoiar-se nas forças armadas, ás quais cumulou de regalais.

Empolgado pelo poder que lhe chegara ás mãos de modo um tanto inesperado, imaginou-se deus. Tudo quanto concernia ao imperador passou a ser considerado sagrado. E ele próprio se acreditou entidade intermediária entre Júpiter e os homens, como a verdadeira encarnação de Hércules.

Mantendo pouco contato com as legiões das províncias, confiou, demasiadamente, na proteção que lhe daria a Guarda Pretoriana. Ela não foi, no entanto, capaz de livrá-lo de uma morte humilhante, estrangulada no banho pelo próprio camareiro e atleta preferido, com a cumplicidade de sua concubina Márcia.

O exercito romano, naquela ocasião, contava com trinta legiões, perfazendo um total entre 300 000 e 350 000 homens, incluídos os legionários e as tropas auxiliares. As legiões eram integradas, em grande parte, por soldados provinciais comandados, contudo, dos eqüestres ou do Senado.

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