MONTANELLI, Indro. História de Roma. São Paulo: Ibrasa, 1966.

Josiane F. Bueno Ferreira

Resenha:
Neste livro, o autor relata a história de Roma desde a fundação da cidade sua civilização até o fim do Império, quando iniciou a Idade média.

Quando trata da fundação da cidade, o autor retrata a história de dois gêmeos: Remo e Rômulo que buscavam um nome par a cidade. Os irmãos fizeram apostas e Remo foi derrotado, então a cidade passou a se chamar Roma, denominação retirada do nome do vencedor. A partir daí a Roma passou a ser conhecida, sua língua falada e suas leis passaram a ser respeitadas, dando inicio a história de Roma e de sua civilização.

Quando trata do fim de Roma relata as questões ligadas ás leis, as quais contribuíram para o fim do império romano, de sua civilização, de sua organização jurídica, tornando o homem igual aos outros diante da lei. Na verdade, o fim de Roma não está ligado somente ao ataque dos inimigos, mas destruído por seus próprios males. A adoção do cristianismo como religião oficial e a transferência da capital para Constantinopla são acontecimentos que resultaram em grandes catástrofes para o império. Ao final da obra, é apresentada uma conclusão do autor referente aos retratos da história de Roma, assunto considerado sagrado.

O livro é na verdade, uma contribuição de Indro Montanelli para uma melhor compreensão da História de Roma que direta ou indiretamente influencia o nosso dia a dia, especialmente na questão da religião. A obra é apresentada de forma simples e cordial, facilitando a compreensão do leitor, por meio de retratos mais reais sem mascará-los.

Montanelli faz um esforço para retratar a história de Roma, desde seu inicio até o fim com o interesse de levar os leitores á gostarem do assunto, pois está inserido nos dias atuais. Nossa civilização se procede de maneira semelhante, como afirma o autor na introdução: “O que engrandece a história de Roma não é o fato de ter sido realizado por homens diferentes de nós, mas sim, por ter sido vivida por homens semelhantes a nós” (p.12). Roma era uma cidade Industrial, “sua verdadeira indústria era a política.” (p.39). Essa questão é de grande relevância para nós, pois não mudou em nossos dias. A política permite enriquecer com recursos mais rápidos que o trabalho. Entretanto, Roma nos deixou modelos e forma política pratica e organizadoras. O cristianismo religião oficial de Roma é dominante em nossa civilização. A religião sem duvida nenhuma é de grande importância para a harmonia e a boa convivência entre as pessoas; fornece uma regra moral de conduta.

Em síntese, o livro é uma contribuição para o estudo e o gosto pelo conhecimento da história de Roma. Partindo desse pressuposto, o autor diz “Se chegar a fazer apaixonarem-se pela história de Roma alguns milhares de leitores (...) terei vencido”. (p.12).


Trecho selecionado: AB URB CONDITA

Não conhecemos, precisamente, a data em que se instituíram, em Roma, as primeiras escolas primarias, isto é, as escolas “ do Estado”. Plutarco diz terem nascidos por volta do ano 250, antes de cristo. Até então, as crianças romanas eram educadas nos próprios lares _ os mais pobres, pelos pais; os mais ricos, pelos magistri, isto é, mestres ou preceptores, habitualmente escolhidos na categoria dos libertos, (escravos que tinham conseguido a liberdade), os quais, por sua vez, eram selecionados dentre os prisioneiros de guerra, de preferência os de origem grega, por serem mais cultos.

Uma coisa sabemos ao certo: os escolares sofriam menos do que os de hoje em dia. O Latim, eles já o conheciam. “Se tivessem precisado estudá-lo _ dizia o poeta Henrique Heine _ jamais teriam achado tempo para conquistar o mundo.” Quanto á história pátria, eis, mais ou menos textualmente, como lhes era transmitida.

Quando os gregos de Menelau, de Ulisses e de Aquiles conquistaram Tróia, na Ásia Menor, reduzindo-a a fogo e a sangue, um dos poucos defensores da cidade que puderam escapar foi Enéias, muito bem “recomendado” (esta é uma das coisas que até aqueles tempos já se praticavam) por Vênus, sua mãe. Carregando aos ombros uma mochila, repleta de retratos de seus protetores celestes _ obviamente, quem ocupava o lugar de honra era sua excelente mãe _ mas sem um tostão no bolso, o pobre rapaz pôs-se a circular pelo mundo, ao azar da sorte. Depois de anos de aventuras e desventuras, cujo numero se ignora, desembarcou na Itália; sempre com a espádua, começou a subir em direção ao norte, chegando ao Lácio. Aí desposou a filha do rei Latino, que se chamava Lavinia; fundou uma cidade, a que deu o nome da mulher, e com ela viveu feliz e bem disposto, pelo resto da vida.

Seu filho Ascânio fundou Alba-a-Longa, e dela fez a nova capital. Ao fim de oito gerações, isto é, cerca de duzentos anos após a chegada de Enéias, dois de seus descendentes, Numitor e Amúlio, ainda se encontravam no trono do Lácio. Infelizmente, as pessoas se sentem em aperto quando ocupam, aos pares, um mesmo trono. Assim, certo dia, Amúlo expulsou seu irmão a fim de reinar só e matou-lhe todos os filhos, com exceção de uma menina, Réia Silvia. Porém para evitar que esta desse ao mundo algum filho, ao qual pudesse vir a idéia, mais tarde, de vingar o próprio avô, ele obrigou-a a tornar-se sacerdotista da deusa Vesta, isto é religiosa.

Certa vez, Réia, que fizera votos de não casar-se, mas que mal se resignava com a idéia de não faze-lo, aproveitava da fresca á beira do rio, porque o verão estava terrivelmente cálido. Adormeceu. Eis que, por acaso, passava essas paragens o deus Marte, que descia á terra com freqüência, seja para efetuar qualquer guerrilha, com era de seu mister habitua, seja para conquistar donzelas_ sua paixão favorita. Viu Réia Silvia e por ela se encantou. Sem desperta-la, engravidou-a.

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