MONDOLFO R. O pensamento Antigo – História da Filosofia Greco-Romana. São Paulo: Mestre Jou, 1999.

Josiane Bueno Ferreira

Resenha:
Na obra, O pensamento Antigo, Mondolfo caracteriza a história do pensamento, desde o surgimento a reflexão da filosofia na Grécia até o neoplatismo e o cristianismo em Roma. O autor apresenta o pensamento dos filósofos fazendo uma sistematização dos textos dos próprios filósofos.

Quando fala da História d Filosofia Grega, é discutido problema das origens, especialmente as relações da Ciência e da Filosofia questionando a sabedoria oriental existente anteriormente, discutindo e analisando Platão, Heródoto, Aristóteles, alem de outros grandes filósofos.
Quando fala da derivação da ciência e da Filosofia grega oriental menciona uma critica histórica do século XIX, quando a cultura oriental não podia dar aos gregos aquilo que ela própria não tinha, ou seja, o espírito cientifico e uma lógica para a pesquisa.

Apresenta ainda uma sistematização dos tetos que tem como assunto os grandes filósofos relacionam de acordo com aquilo que o historiador diz, isto é explica mostrando a importância da obra filosófica e da História da Filosofia. Ao final da obra é apresentado um índice cronológico abrangendo período que vai do século a.C ao século VI da nossa era.

O livro é verdade uma contribuição do professor e filosofo Mondolfo para conhecimento e estudo do pensamento antigo, tanto para estudantes universitários, como para os demais interessados no assunto. Diante da clareza e simplicidade no comentário dos textos, leva o leitor em contato com os filósofos para compreender a História da Filosofia e a questão do mito.

O mito está diretamente relacionado com a filosofia, para Aristóteles “O amante do mito Filosófico” (p.15) isso influencia o nosso dia a dia estando relacionado com a cultura e a religião. Os mais antigos costumavam transmitir por tradição a nós em forma de mito, histórias lendas como: a mula sem cabeça, saci-perere, para explicar ato da vida na tentativa de explicar a realidade.

Os gregos criaram vários os para passar mensagens para as pessoas e também com o objetivo de preservar a memória histórica de seu povo. Não havia explicações cientificas para grande parte dos fenômenos da natureza ou para acontecimentos históricos. Para buscar um significado para os fatos políticos, econômicos e sociais, de origem imaginativa, que eram transmitidos, principalmente através da literatura oral. No entanto antes do surgimento a filosofia tudo era transmitido e explicado através do mito.

Mondolfo mostra a importância do filosofo para a História. Partindo desse pressuposto, o autor afirma que “não é possível por seus leitores, no ambiente cultural em viveram os filósofos”.(P 09), mas de outra forma diante da ótima seleção dos textos dos filosofo de grande competência de observação e interpretação é possível como diz o autor “por o leitor diretamente e contato com os filósofos”.

Em resumo, livro é de grande importância para o estudo da filosofia e do pensamento Antigo, atribuindo grande valor nos assuntos abordado em capítulos pelo autor.


Trecho: As origens e os elementos preparatórios da filosofia Grega.

A primeira forma de reflexão: o mito e seu parentesco com a filosofia. A unidade primordial imediata entre problemas humanos e problemas cósmicos.

O amante do mito e de certo modo também filosófico, uma vez que o mito se compõe de maravilhas. Os antigos, ou melhor, os antiqüíssimos (Teólogos) transmitiram por tradição a nós e outros seus descendentes, na forma do mito, que os astros são deuses e que o divino abrange toda natureza... Costuma-se dizer que os deuses têm forma humana, ou se transformam em semelhantes a outros seres viventes...

Porem pondo –se de lado tudo o mais, e conservando-se o essencial, isto é, se se acreditou que as substancias primeiras eram deuses, poderia pensar-se que isto foi dito por inspiração divina, e, provavelmente de toda arte e filosofia... Perdidas (nas catástrofes cósmicas cíclicas) estas opiniões conservaram-se até agora, quase como relíquia (da mais antiga sabedoria). E assim, as opiniões dos pais e os primeiros progenitores manifestaram-se na mesma medida. (Aristóteles, metafísica, XII,8,1074 b).

Há alguns que crêem que também os mais antigos, que viveram muito antes da geração atual, os primeiros a teologizar, tenham pensado do mesmo modo (como Tales) a respeito da natureza, uma vez que fizeram do Oceano e de Tétis os progenitores da geração, e a água, chamada pelos poetas Estígia, apresentavam –na como juramento dos deuses: ora, o mais venerável.
Poder-se – ia suspeitar que o primeiro a procurar o princípio deste gênero tenha sido Hesíodo ou qualquer outro se colocou, no seres, como principio o Amor( eros ) ou o desejo, como se fez depois Parmênides. Pois também este, reconstruindo a gênese do universo disse: ’’como o primeiríssimo entre todos os deuses, ela ( a divindade que rege ou universo) criou Eros.”E Hesíodo: o primeiro entre todas as cousas foi o Caos, depois a Terra de vasto seio, e Eros, que sobressai entre todos os imortais-manifestando a necessidade, nos seres, duma causa que mova e uma as cousas (Aristóteles, Metafísica, I, 4, 984)

A forma mítica e antropomórfica desta primeira reflexão sobre a natureza no impede que o reconhecimento dos mesmos problemas que depois serão objeto da filosofia naturalista. Aristóteles já estava plenamente convencido disso.

Mas o antropomorfismo mitológico dessa primeira especulação em grande importância sob um outro aspecto: que nos mostra como os problemas cósmicos são concebidos inicialmente sob forma de problemas humanos, isto é, acham-se modelados sobre normas destes, com a personificação dos elementos naturais e a concepção das suas relações como se estivessem governados pelas mesmas forças que fogem as relações entre os homens. O que significa que ao contemplar procurar compreender a natureza, o pensamento mítico já possua os conceitos relativos ao mundo humano: ou seja, que a reflexão sobre o mundo humano precedeu a reflexão sobre o mundo natural, que por isso, no seu primeiro surgir, se entrelaçou e se apoiou naquele.
E esta observação, tão evidente quão esquecida, basta para desorientar as convicções tradicionais, de que a atenção do homem se volte parta a natureza física, antes que para o mundo humano, e por isso s filosofia começa como cosmologia, para transformar-se em antropologia, somente em sua segunda e tardia fase. Em realidade, a precedência da forma mitológica demonstra o oposto; e também a filosofia naturalista, no seu aparecimento, conserva primeiramente em parte a forma mitológica antropomórfica, mostrando conservar a sua dependência da observação e meditação do mundo humano. Isto não escapava a Aristóteles, tal como aparece nas passagens acima citadas; e já havia sido visto claramente por Platão, quando notava que elementos naturais são personificados pelos cosmologos, que concebem as suas relações recíprocas como matrimônios, gerações e lutas, governadas pelas forças opostas ao amor e ao ódio.

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