BLEGEN, C. Tróia e os troianos. Editorial Verbo, 1966.

Nome do Aluno (a): Débora Maria da Luz

Resenha: O autor expõe os resultados que se teve com a Expedição de Circinatti a Tróia, e nos coloca uma curta descrição geral dos trabalhos ali realizados desde 1870 e os resultados que obtiveram.

Tróia já nos foi mostrada de varias formas, inclusive em poemas, como vimos com Homero, e ela nos parece grande e ampla, bastante protegida, pois contava com fortes muralhas e ainda grandes guerreiros, fortes aliados e seu rei Príamo.

Essas como quaisquer outras informações que encontramos sobre o passado nos é de grande valia, apesar de muitas delas serem avantajadas de imaginação poética. Os arqueólogos buscaram investigar os vestígios e ruínas que foram encontradas da suposta Tróia, que é a fonte que nos ajuda nessa busca do esclarecimento desse passado, já que não foram encontrados até então vestígios de documentos escritos deixados pelos troianos.

Através desses vestígios, são feitos comparações com objetos encontrados em outros lugares da antiguidade, que possuam uma cronologia confirmada; e assim começa a descoberta de fases decisivas de habitação, mas nada que leve os arqueólogos que trabalharam nessa busca a ter total certeza sobre como era e como vivia a população troiana.

As análises das escavações mostraram que nessas fases duraram até mais de milênios cada uma, onde percebe - se o lento processo de desenvolvimento da civilização. Com o declínio dessas fases, outras iriam se reconstruindo com o principio das anteriores.

Essas fases foram atribuídas como Tróia I, Tróia II, Tróia III, Tróia VI, Tróia V, Tróia IV e Tróia VII, ao chegar a analise da suposta Tróia VI, que foi comparada com a cronologia do Egeu, os arqueólogos tiveram uma grande surpresa, pois ali parecia ter vivido uma população com alguns traços diferentes das outras cinco cidades já estudadas, oque surpreendeu a todos inclusive os vestígios de heranças próprias.

Buscar o passado de uma civilização da antiguidade através de escavações nos mostra ser bastante complicado com muitos desafios e bastantes dificuldades, mas também, com triunfos e descobertas que mostram valer a pena os esforços realizados, e assim vai formando-se a história.

Em novas escavações realizadas em 1894, mais uma descoberta surpreendente, seria a sétima cidade e ainda encontraram vestígios de que ela fora subdividida em duas partes, que ficou como Tróia VII e Tróia VII , pelas diferenças observadas, que seria dois estratos distintos. Onde mostrava ser a primeira uma continuação direta da Tróia VI, e a segunda uma nova aparição, com novos elementos e até mesmo cultura diferente das antigas cidades.

Dessa forma, com a leitura do livro há o esclarecimento de muitos questionamentos sobre essa história da antiguidade, ainda nos resta muito a aprender sobre essa civilização, mas com certeza bom caminho já foi percorrido. Percebe-se também que o conteúdo da obra, não tem a menor pretensão de afirmar algo sobre oque foi encontrado durante as escavações, pois afinal, na história devemos trabalhar com as possibilidades e raramente com as certezas, ainda mais quando se trata de história antiga, o autor busca sim, chegar o mais próximo possível da realidade de Tróia e seus cidadãos.


Titulo do trecho selecionado: “Tróia dos poemas de Homero”

Na Ilíada e na Odisséia, Tróia surge como uma nobre e ampla cidade, defendida por fortes muralhas e torreões. As fortificações limitavam uma área suficientemente folgada para conter não só a sua grande população mais ainda os numerosos aliados que se reuniam para ajudar a repelir a agressão dos Aqueus, e que ainda acharam espaço para os seus carros de guerra, cavalos e todo o mais equipamento. Alguns, estudiosos calcularam que, tal como os poemas a descrevem, deveria poder abrigar mais de 50 000 pessoas. A cidade tinha ruas largas e, na parte mais alta da cidade, junto ao palácio magnificente do rei Príamo, estendia-se uma ágora aberta, ou praça.

Este edifício era de um tamanho gigantesco: além dos salões oficiais, dotados de pórticos construídos com pedras talhadas perfeitamente justapostas, e dos aposentos privados do rei (megara, não descritos por menor), contavam 50 salas com paredes lisas feitas de blocos trabalhados, onde viviam os filhos de Príamo com suas esposas legítimas. Havia, além disso, aparentemente do outro lado de um pátio, mais de doze quartos – construídos de pedra bem preparada e com telhados - para as filhas do rei e seus maridos. Mesmo ao pé deste palácio havia ainda outros, entre o domicilio (domoi) de Heitor, com muitas divisões, um lugar confortável para se viver, com suas espaçosas salas, ou megara. Não longe elevava-se a bela residência em que Alexandre, Páris, vivera com a encantadora Helena. Ele próprio edificara, empregando os melhores mestres e artífices que havia em Tróia, e os seus tálamos, talvez a própria alcova de Helena, a sala e o pátio são devidamente mencionados. No megaron costumava Helena trabalhar, a tecer num grande tear. Ainda outra casa apalaçada com muitas divisões (domata) era a do filho de Príamo, Deifobos, que casara com Helena depois da morte de Alexandre. Quando os campeões aqueus surgiram do cavalo de madeira e tomaram Tróia, Odisseu e Menelau dirigiram-se diretamente aquela casa e, após uma luta desesperada, ataram Deifobos e reapossaram-se da belíssima Helena.

Também se descrevem alguns dos edifícios públicos. Um destes era o Templo de Atenas, que se elevava na parte mais alta da cidade. Nele se achava uma imagem para o culto da deusa, sentada evidentemente, em cujo regaço Hecuba e as anciãs de Tróia depunham valiosos mantos que suplicavam a Atena que repelissem o irado Diomedes. Deforma semelhante, havia um templo de Apolo no Sagrado Pérgamo, na parte alta da cidade. Continha um espaçoso e rico adyton, ou santuário interior, em que Leto e Artemissa curaram e refizeram Eneias ferido, e Apolo lhe incutiu uma nova coragem. Num ponto da qualquer cidade deve ter havido uma sala do conselho; em todo caso Heitor dirige a palavra aos anciãos e conselheiros, que é de presumir dispusessem de um local de reunião coberto, de qualquer espécie.

As informações respingadas da leitura dos poemas de Homero dão-nos uma fraca idéia ou nula idéia do plano da cidade. Também a muralha só é descrita muito esquematicamente, embora fiquemos, a saber, que era bem construída de blocos regulares de alvenaria. A intervalos tinha altas torres, uma das quais, chamada a Grande Torre de Ílion, se elevava aparentemente perto ou junto da Porta Scaeana. Foi dali que pos os anciãos de Tróia, reunidos eloqüentes como cigarras pousadas num ramo de árvore, admiraram a beleza de Helena quando ela apareceu, tomou lugar ao lado do sogro Príamo, e lhe identificou alguns dos principais heróis que se distinguiram na fileira dos Aqueus: o rei Agamêmnon, filho de Etreu, Odisseu, hábil e empreendedor, e o poderoso Ájax; mas em vão procurou os seus irmãos gêmeos, Castor e Polux, desconhecendo que o destino já o ceifara e se achavam enterrados no solo da Lacedemônia.
Era, igualmente, para a Grande Torre junto da Porta Scaeana que Andrômaca ia com o filho menor e a ama; e ali os encontrou Heitor e deles se despediu para regressar ao campo de batalha. O caminho de e para a planície era por esta porta, e por ela saiu Príamo no seu carro de guerra, para assistir o duelo entre Páris e Menelau. Foi também aqui que maus fados fizeram com que Heitor ficasse sozinho fora das muralhas a enfrentar Aquiles, enquanto os seus camaradas troianos se refugiavam ameias adentro.

A Ilíada menciona por três vezes uma Porta Dardânia, presumivelmente assim chamada por abrir para a estrada que levava a Dardânia, bastante longe para o sul na encosta do Monte Ida, a de muitas fontes. Em certa passagem a deusa Hera escarnece dos Aqueus, como desamparados sem Aquiles, pois, quando ele participava na luta, os Troianos tinham pavor até de sair em frente da Porta Dardânia; agora que ele faltava, aventuravam-se temerariamente até aos próprios navios. Foi o abrigo desta mesma Porta Dardânia que Heitor procurou em vão atingir, a cada vez que por ela passou, ao fugir perante seu perseguidor, Aquiles, em três voltas às muralhas da cidade. E quando Aquiles matou Heitor e ateou o corpo ao carro, e o arrastou pelo pó, foi da Porta Dardânia que Príamo quis sair a pedir uma paz honrosa, do que só a custo o impediu a sua própria morte.

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