CERAM, C. O segredo dos hititas. Belo Horizonte: Editora Itatiaia, 1959.

Nome do Aluno: Débora Maria da Luz

Resenha:
O livro mostra como foi o redescobrimento da nação dos hititas, que foi um povo que pouco se sabia e que por seu desenvolvimento tornou-se parte da civilização.

Os hititas tiveram participações importantes no passado, inclusive eles foram partes integrantes no primeiro conflito entre o Oriente e o Ocidente.

Seu redescobrimento foi dramático, pois ninguém imaginava que essa civilização existirá em algum período, e foi graças a um desbravador de ruínas e história que buscava encontrar os vestígios de uma cidade antiga chamada Tavium, que seu redescobrimento foi possível.

Após a descoberta de suas ruínas houve um intenso debate sobre quem teria vivido ali, já que parecia ser uma grande civilização e os vestígios encontrados não mostravam o suficiente para se estabelecer qual civilização era aquela.

Quase sessenta anos após a descoberta, um conferencista afirmou que os misteriosos materiais encontrados deveriam ser dos hititas, uma nação que havia sido mencionada na bíblia, mas que tinha sido esquecida pela história.

Então, começou a busca pela descoberta de quem teriam sido os hititas, de como teria sido o modo de vida daquela civilização, sua história cultural, pois parecia que eles comandavam um verdadeiro império. Mas apesar dos esforços essas questões ficaram vagas, já que na bíblia foram encontradas poucas informações sobre eles e o que tinha eram coisas que muitas vezes contradizia o que as ruínas mostravam e as escrituras que ali se encontravam eram enigmáticas, pois era uma nação desconhecida, com linguagem e escrita de símbolos desconhecidos.

Mas teria mesmo os hititas comandado um império? Segundo os vemos eram aqueles que se concentravam em dominar e dirigir as tribos mais diversas que existiam na Ásia menor, mas sem nenhum traço que nos leve a crer em instituições, talvez então, se analisados por pessoas do século XX, pudessem ser tratados como uma comunidade, apesar de se ter encontrado pistas de sua existência em vários locais.

Uma das ultimas ruínas encontrada e contada no livro, foi designada com o nome de Karatepe que seria uma cidadela, parecia ter um chamariz a mais das outras já encontradas, pois ali o arqueólogo HELMUTH BOSSERT, que alias foi quem a encontrou, pensou ter achado o que será desejo de todos os arqueólogos, uma escrita bilíngüe, para se provar que os hititas podiam falar e se comunicar com mais de uma língua, e ali ele pensava ter encontrado sinais fenícios e hieróglifos hititas, mas sua convicção era durou pouco, foi só analisar com mais calma viu ter enganado.

Esse engano fez com que o arqueólogo tomasse como obsessão encontrar uma escrita bilíngüe até que após dias de procura incansável finalmente conseguiram encontrar a tão procurada escritura. Agora vivia a tarefa mais complicada, a de se provar que era realmente um texto bilíngüe e não simplesmente uma inscrição em duas línguas diversas.

Depois de muitas dúvidas e discussões veio a prova inquestionável, em uma esfinge que estava coberta de hieróglifos hititas formava-se o nome do rei, Asitawandas, que é mencionado em textos fenícios, e confirma-se que as inscrições de suas línguas diferentes se referiam ao mesmo rei, com mais estudos puderam afirmar: a inscrição de Karatepe era sem língua bilíngüe, assim consegue-se a chave de um enigma que trabalhado por mais de três gerações, sobre a língua desconhecida dos hititas e agora podia-se dizer que ela era legível.

Até o término do livro o trabalho de campo continuava, pois agora cada inscrição que se desenterrava é legível.

Dessa forma, essa obra O Segredo dos Hititas serve de informação, descoberta e análise, dessa civilização que muitas vezes passa por esquecida apesar de sua importância para a história.


Titulo do Trecho selecionado: “Os achados na Montanha Negra”

Trecho:
No fim do verão de 1945, um pequeno grupo de viajantes cruzou as Montanhas do Tauro, do norte para o sul. Constituíam o grupo o Professor Helmuth T. Bossert e três senhoras, Dra. Halet Çambel, Nihal Ongunsu e Muhibbe Darga, suas assistentes. Sob o patrocínio da Universidade de Istambul, iam caçar traços de qualquer civilização anatoliana antiga em regiões que escassamente haviam sido exploradas, ermos quase ínvios e que de modo algum deixavam de apresentar perigos.

Certo dia repousavam na pequenina aldeia de Feke, na remota parte sul-oriental da Turquia de hoje. Alguns Yürüks, os últimos nômades dessa região, falaram-lhes a respeito de um “leão de pedra” que se encontrava na “montanha negra”, além da próxima cidade de kadirli. A história foi confirmada por vários aldeões, o que a tornava mais do que um ocioso boato.

Tais notícias excitaram Bossert; o leão é um dos típicos animais simbólicos dos hititas. Verificou-se, porém, que Kadirli não podia ser alcançada: as estradas já estavam intransponíveis e a expedição não podia perder tempo em fazer demorada volta.

Em fevereiro Bossert voltou, acompanhado pela Dra. Halet Çambel. Foi advertido contra a expedição; disseram-lhe que era época demasiado cedo do ano; havia chovido ainda recentemente e as vizinhanças de Kadirli seriam um tremendo lodaçal. Mas Bossert enfiara na cabeça seguir sua inspiração, a despeito de quaisquer obstáculos. Essa obstinação era característica do homem. Quem conhece Bossert apenas por suas publicações, como o brilhante co-decifrador dos hieroglifos hititas, somente conhece um lado dessa personalidade versátil. Nascido em 1889, na pequena cidade de Landau, na Renânia estudou história da arte, arqueologia germânica e história medieval, especializando-se em paleografia, o estudo das escritas antigas. Durante a Primeira Guerra Mundial, foi oficial do exército e, para o fim do conflito, estava servindo no Ministério da Guerra. Após o armistício quando tanto as carreiras militar e acadêmica ofereciam poucas perspectivas na Alemanha, entrou para a grande casa editora alemã de arte de Wasmuth, como aprendiz. Poucos anos mais tarde, era diretor da firma. Publicou uma “História do Artesanato” em seis volumes, que se tornou obra padrão nesse setor. Por outro lado, continuou a estudar os assuntos que mais tarde seriam suas especialidades: a escrita cuneiforme e hieroglífica. Fez parte de um grupo de estudiosos berlinenses que se reuniram em torno dos assiriólogos Ernest F. Weidner e Bruno Meissner.

Não eram essas, porém, as únicas ferramentas que tinha na forja. Enquanto estava trabalhando em sua primeira contribuição para a decifração (foi publicada em 1932 sob título de Santas und Kupava), entrou para o ramo de edição de livros do “Frankfurter Zeitung”. Ali publicou obras tão diversas como: “Os começos da Fotografia” (“Die Anfänge der Fotografie”) e dois livros de ilustrações: “Camaradas no Ocidente” (“Kamerad im Westen”) e “Sem Defesa por trás das Trincheiras” (“Wehrlos hinter der Front”). Estes últimos, predizendo vividamente os sofrimentos da população civil numa guerra futura, foram atirados às fogueiras durante as primeiras queimas de livros feitas pelos Nazistas em Berlim, e o nome de Bossert ficou inscrito na lista negra dos agitadores.

Para um homem de tais princípios e energia foi sem dúvida afortunado ter sido capaz de permanecer fora da Alemanha Nazista. No outono de 1933 o Ministro da Instrução Pública da Turquia insistiu para que ele permanecesse nesse país. (A esse tempo, ele já fizera uma excursão a Boghazköy, onde trabalhara com Kurt Bittel nas inscrições rupestres e adquirira experiência na arqueologia de campo). Aceitou a oferta e, em abril de 1934, foi nomeado Professor da Universidade de Istambul e Diretor do Instituto Arqueológico daquela cidade. Com típica coerência, nacionalizou-se cidadão turco e desposou uma turca.

Tal homem, tendo-se decidido a investigar o misterioso “leão da pedra”, não podia ser dissuadido pela advertência de que as estradas estariam más. Sua determinação foi igualada pela de sua assistente, Hallet Çambel que, a despeito de uma febre alta, insistiu em não ficar para trás. Ele iria ser mais tarde a mais eficiente auxiliar de Bossert, com suficiente ousadia para permanecer sozinha por certo tempo em Karatepe, uma mulher solitária a comandar rudes trabalhadores. Seu nome é curiosamente adaptado a seu caráter, pois significa “pinheiro na pequena passagem”.

No dia 26 de fevereiro de 1946, à uma hora da tarde, partiram eles num tash arabasi, carroça sem males puxada a cavalo, de uma espécie que há séculos se usa na Turquia. Kadirli é uma capital da província, mas até o dia de hoje não tem mais luz elétrica e só em 1954 foi terminada uma tosca estrada para a aldeia mais próxima. Antes da construção dessa estrada, a cidade ficava completamente insulada nas estações chuvosas da primavera e do outono. Isso tinha suas vantagens para o povo da região; durante esses meses, não tomava o conhecimento do governo.

Em Kozan, Bossert e Madame Çambel passaram a ter a companhia do diretor do Museu de Adama, Naçi Kum. O grupo havia passado pouco além de Kozan quando se atolou numa ínvia amplidão de lama. Os cavalos sucumbiram de exaustão. Na aldeia de Köseli foram forçados a fazer alto. O condutor, que agora se via não ter a menor idéia de sua rota e haver escolhido a junta de cavalos menos adequada para uma viajem dessa espécie, foi mandado de volta a Kozan. Mas, naquelas regiões, um viajante é sempre recebido e ajudado hospitaleiramente; com o auxílio dos aldeões obteve-se outro condutor e ainda um par de possantes cavalos. O grupo partiu de novo, mas foi surpreendido pelas trevas. A lama tornara-se sem fundo. Mesmo os cavalos novos atolavam-se. Os viajantes tiveram de descer e caminhar. Finalmente, cavalos e carroça foram apanhados num fosso. “Mas – escreve Bossert laconicamente – através de um labirinto de trilhas de carroças o condutor afinal nos trouxe a Kadirli, são e salvos”.

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