FLACELIERE, R. A vida cotidiana dos gregos. Lisboa: livros do Brasil, s/d.

Aluna: Vanessa Fátima dos Santos
Resenha: Na obra de Robert Flaceliére o autor expõem a vida na Grécia, em principal em Atenas, desde a pobreza até a grandeza, que no livro ganhou mais vantagem.

No livro são relatadas as situações no cenário da vida na Grécia, essa que possuía um solo que não era muito fértil prejudicava a vegetação sendo o problema com a água o mais importante. Nas cidades o desenvolvimento foi intenso, as construções das grandes muralhas que em geral eram centros religiosos (acrópoles), as ruas eram estreitas e rodeadas de casas pouco sofisticadas e na maioria das vezes o cozimento dos alimentos eram feitos ao ar livre. A caça e a pesca eram distrações, tendo as suas técnicas criadas nos séculos de Péricles. A higiene recebeu mais importância dos médicos e variava de acordo com as condições sociais, em Atenas foi criado estabelecimentos de banhos públicos não só com a finalidade da limpeza, mas também de como ponto de encontro de amigos, os gregos na era clássica conheceram banhos de limpeza e de descanso.

No campo o cenário a vida era mais cansativa, tinham como fonte de sobrevivência a criação do gado, o cultivo do mel e a exploração do carvão.

Em Atenas existia uma solida democracia onde todos os homens considerados atenienses participavam opinando diretamente ou sendo representado nas reuniões da assembléia. Segundo a lei Péricles o homem só era considerado cidadão se fosse filho de pai e de mãe ateniense e ter atingindo 18 anos, quando criança, os meninos recebiam uma boa educação vinda de mestres, até mesmo grandes filósofos, as meninas eram na maior parte excluídas.

Mas para a mulher, também como para o escravo, as leis eram diferentes, no capitulo três o autor muito bem explica a condições que a mulher vivia com a família o casamento em Atenas. Mesmo lembrada e considerada pelos atenienses, elas não tinham quaisquer direitos políticos. Na maioria das vezes trancada em seu lar ao menos podia governa lá com autoridade. Tudo o que a jovem aprendia (principalmente os trabalhos domésticos) eram aprendidas ainda quando donzelas passadas por mães e principalmente pelas avós. O casamento em Atenas, que começava com oferendas de sacrifícios aos deuses, era concebido essencialmente para ter filhos, que segundo o ritual, era necessário para quando, na morte do pai o culto da familiar continuasse. O capitulo nove, Placeliére fala sobre a justiça e seu modo de funcionamento, que na maioria das vezes era feito pelos reis. E salienta que foram os atenienses que inventaram a liberdade durante o governo de Péricles, e que essa seria uma fase brilhante.


Trechos Selecionados

Titulo do Trecho Selecionado: A vegetação é, como a de todos os países mediterrâneos, determinada pela intensidade da irradiação solar e pelo fraco índice de humidade. As florestas, outrora mais extensas do que actualmente, cobriam uma grande parte das montanhas, nelas se encontravam muitos plátanos, carvalhos e numerosas outras essências, mas espaços muito mais vastos havia, cujo revestimento vegetal não passava de arbustos e de moitas. As feras que, nos tempos heróicos, povoavam as florestas – como o leão da Nemeia – já, na época clássica, se encontravam em vias de extinção; contudo, os ursos e os lobos são ainda bastante numerosos nas montanhas. Nas vastas regiões em que domina o matagal e que são recobertas de mirtos, de medronheiros, de urzes ou de escambroeiros, a caça encontrava-se abundantemente e constava das seguintes espécies: lebres, perdizes, tordos, codornizes e cotovias, mas a caça grossa – o cervo e o javali – já só nas montanhas se podia perseguir. A criação do gado praticava-se, sobretudo, nas pastagens das regiões altas.

Titulo do Trecho Selecionado: A primeira muralha da Atenas foi construída no século VI, na época do tirano Pisístrato e de seus filhos, que haviam elevado a grande altura a prosperidade e o poder de Atenas. No tempo das guerras médicas, nos anos que se seguiram à batalha de Salamina (480) foi aumentada e fortificada por Temístocles. Essa nova muralha descrevia um perímetro vagante circular, atingindo um comprimento de cerca de 6 quilômetros e um diâmetro de 1500 metros.

Titulo do Trecho Selecionado: A maior parte das vezes,coziam os alimentos ao ar livre, numa braseira, como ainda hoje se verifica em muitas aldeias gregas. Efectivamente é de crer que, antes do século IV, as casas não possuíssem cozinhas e, mesmo quando estas existiam, não havia – ao que parece – lareira fixa; acendiam o lume fora de casa e levavam-no para dentro quando a lenha ou carvão, já em brasa, deitava menos fumo. Ainda assim, o problema da libertação do fumo impunha-se de qualquer modo, no Inverno, quando os habitantes sentiam necessidade de se aquecerem.

Titulo do Trecho Selecionado: Para se ser cidadão, para se possuir o direito de ter lugar na Assembléia do povo, eram necessárias duas condições: ser filho de pai ateniense e, a partir da lei de Péricles, do ano de 451, ser igualmente filho de mãe ateniense; em segundo lugar, era preciso ter atingido a maioridade, o que acontecia aos dezoito anos, mas, como havia dois anos de serviço militar, só se podia pertencer a Assembléia aos vinte anos. Os atenienses podiam, graças a um decreto, conceder direito de cidade a qualquer estrangeiro, direito que podiam igualmente retirar a um dos seus condenando-o à atímia, isto é destituindo-o dos seus direitos de cidadania.
Titulo do Trecho Selecionado: Tal como os escravos, também as mulheres dos cidadãos não possuem, em Atenas, quaisquer direitos políticos ou jurídicos. Perderam o papel importante que desempenhavam na sociedade minoiana e que – segundo parece – conservavam ainda, em parte, nos tempos de Homero. No entanto, a ateniense casada, se realmente se via confinada às paredes de sua casa, podia ao menos governá-la com autoridade, a não ser que seu marido e senhor a tal se opusesse; para os escravos, ela é a despoina, a senhora. De resto, o marido encontrava-se sobejamente ocupado por fora – no campo, com os trabalhos agrícolas ou com a caça -; na cidade, com o seu ofício e com as sua comparticipação nos assuntos políticos e judiciais da cidade – para não ser obrigado a deixar a mulher, durante a maior parte do tempo, governar a casa como lhe apetecesse.

A condição dependente e subordinada das atenienses surgia com a sua vida de donzelas e com a maneira por que se casavam. Nem se pensava em que a jovem pudesse encontra-se livremente com rapazes, visto que não saia doa aposentos reservados às mulheres – o giniceu. Se as mulheres casadas raramente cruzavam o limiar da porta exterior da casa, as jovens, essas, mal se avistavam no pátio interior, pois deviam viver longe de vistas alheias, separadas até dos membros masculinos da própria família.

Titulo do Trecho Selecionado: A caça e a pesca eram, como hoje, para uns, um verdadeiro ofício; para outros, uma simples distração. Na sua Cinegética Xenofonte considera a caça como uma parte necessária e importante da educação do adolescente, porque exercita o corpo, habitua o homem ao perigo e prepara-o assim para a guerra, mas semelhantes idéias achavam maior favor na Lacônia do que na Ática, sendo inspiradas a Xenofonte pela sua admiração por Esparta, onde até se praticava a caça aos hilotas, ou seja, ao homem. Contudo, muitos atenienses abastados praticavam certamente a caça como um desporto, embora a Ática fosse uma das regiões da Grécia menos favorecida em matéria de caça.

Titulo do Trecho Selecionado: É somente em relação a Atenas que conhecemos em pormenor o funcionamento da justiça. No que respeita às outras cidades gregas, apenas possuímos informações raríssimas e insuficientes. Em Esparta – cidade aristocrática – a justiça devia ser muito mais expeditiva do que em Atenas; assim Tucídides, contando-nos minunciosamente a maneira como Pausânias, acusado de traição, foi confundido pelos éforos e emparedado vivo no tempo de Atenas Calquioecos, onde se havia refugiado, não nos refere, no entanto, que ele tenha comparecido em tribunal.

A faculdade de exercer a justiça, é um privilégio real: em Homero e em Hesíodo, são os reis, portadores de ceptro, quem pronuncia as sentenças (temistes). Na Atena democrática de Péricles, esse poder real é exercido pelo povo, que apenas deixava a venerável assembléia do Areópago certas causas de assassinato. Como o problema Filocléon nas Vespas de Aristófanes:
Este poder de julgar, que é nosso, não o cedas a nenhuma realeza. Que felicidade, que ventura mais completa do que a de um juiz?...Não é grande o meu poder, tão grande como o de Zeus?

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