Nome: Carolina Ribeiro Julio
Resenha: Neste livro o autor utiliza-se muito da arqueologia para remontar o cenário e a história. Inicia falando sobre o Luristão, famosa por seus objetos de bronze, que se inspirava em temas animais, procurando simetria e equilíbrio. Esta característica pode ser de influência iraniana, devido às invasões nômades.
Através da análise destes vestígios arqueológicos, de diferentes regiões e períodos, o autor permite-se concluir que os habitantes do Luristão e os Mannai tiveram origem no movimento popular iraniano, e ligado a esta história política, estavam as duas tribo que dominariam o Irão Ocidental: os Madai (Medos) e Parsua (Persas).
No Capítulo três, aborda a história destes dois povos a partir da conquista da capital Nínive por Ciaxeres, que passou a ser considerado o construtor do Império Medo, e tinha como rival seu irmão Ciro, rei da Persa.
Estabelece-se então, uma aliança matrimonial entre a neta de Caixeres e o filho de Ciro. Desta relação se origina “um segundo Ciro” (pág.52) que construiu a cidade de Pasárgadas e se uniu a Nabonido, o usurpador do trono de Nabucodonosor, na conquista da Média, pois assim, Ciro seria o Senhor do Império Meda.
Ciro almejava a conquista da Babilônia, o que não lhe foi difícil. Com esta conquista os Persas foram introduzidos na histórica bíblica, sendo Ciro considerado um libertador, servo de Javé, passando a exigir lealdade como rei legítimo, e em seu reinado a população não foi dizimada nem as estátuas dos deuses destruídas, algo inédito na história da Mesopotâmia. Antes de morrer coloca seu filho Cambises como rei da Babilônia, que mais tarde conquista o Egito.
A partir daí, o autor então, faz uma construção dos governos posteriores a Cambises. Sendo eles: Dario (Rei dos Medos) – que conquistou todos os territórios de Ciro, lançando também uma expedição com grande sucesso ao Egito, e responsável por terminar a escavação do Canal de Suez – e Xerxes seu sucessor, que não possuía capacidade militar nem “valor, como estadista, dos seus antecessores” (pág.82). Seu objetivo era conquistar a Grécia, porém, Termópilas com seus trezentos espartanos e Salamina com a esquadra naval, venceram Xerxes, que abalado com a tragédia nunca mais saiu da Pérsia.
Culican William mostra as sucessões de reis ocorridas devido às grandes batalhas que marcam a história deste povo. Cada novo Rei visava ampliar e dominar seu território, o que gerava conflitos. Para alcançarem seus objetivos muitas vezes estabeleciam alianças, como no caso da Guerra do Poloponeso em que a Pérsia ganhou para Esparta.
O último aqueménida foi Dario III, sobrinho-neto de Artaxerxes, que dominou o Egito, porém não respeitou o tratado deste com a Macedônia, e foi atacado por Alexandre, que o vence, e mais tarde ao derrotar Artaxerxes IV, por vingança, incendeia o Palácio de Persépolis.
Finalizando, coloca que os persas eram nobres em suas conquistas, justos e responsáveis, considerando-os
“mais civilizadores do que as ambições de Atenas de Péricles” (pág. 184).
O livro é muito bem construído. A análise da história através da arqueologia é interessante, levando o leitor a construir no imaginário o cenário da época.
Título do trecho selecionado – “Os Mannai, os Medos e os Citas”.
Trecho - Como era de se esperar, as ondas de nômades bárbaros que penetravam nas zonas de influência das civilizações urbanas fixadas e altamente evoluídas da Mesopotâmia Superior, do Norte da Assíria e do Sudeste da Antólia, vieram produzir alterações na linha da evolução cultural e arística daquelas civilizações.
Somente em anos recentes, as escavações arqueológicas efetuadas nas regiões a sudoeste do Cáspio e a sul do lago Urmia tornaram possível o estudo da fusão das artes nômades e sedentárias que estas invasões produziram. Uma série de descobertas arqueológicas, conquanto tenha levantado profundos problemas, veio dar nova dimensão ao nosso pensamento, quanto à cultura luristânica e à gênese da arte aqueménida. As últimas e recentes descobertas de Amlash, Daylaman, Marlik Tepe e Hasanlu forneceram preciosos documentos da arte primitiva iraniana, cuja identidade precisa ainda não foi determinada; a sua característica mais comum é a independência no tratamento das formas animais como elementos decorativos básicos. Esta arte é uma expressão da arte animal das estepes euro-asiáticas, modificada pelos contatos com mesopotâmicos, hititas e urartianos, pois o reino do Uratu, na região do lago Van, foi o vizinho ocidental mais próximo das terras onde se estabeleceram os nômades vindos das regiões do Cáspio e do Azerbaijão. No século VIII, o Uratu foi unificado política e, em extensão, culturalmente, abrangendo toda a parte ocidental da Antólia e o Norte da Síria, territórios tomados aos fortes reinos independentes sírio-hititas do sudoeste da Turquia e aos reinos armênios da região de Alepo.
(...) A juntar todos estes retalhados fragmentos da arte e da cultura, conseguidos através destas valiosas descobertas, temos uma enfiada de elementos históricos respigados nos anais assírios. Parece, por exemplo, que os Mannai, qualquer que seja a sua origem rácica, constituíam, nos primeiros três quartéis do século VIII, uma força suficientemente poderosa para desviar as intenções guerreiras tanto da Assíria como da Uratu. No século que medeia entre as campanhas vitoriosas de Sargão II, contra eles, e a queda das guarnições citas no território dos Mannai, nada encontramos acerca da sua identidade social, e os objetos de Ziwiyeh, apenas com uma exceção, de modo algum refletem o fundo nativo doa Mannai. Esta excepção é constituída por uma placa de marfim, gravada em creux, com a cena de um rei recebendo os despojos do inimigo ou preparando-se para a guerra. Este rei, de pé, sob um guarda-sol, recebe um mensageiro e um escudeiro de armas, munido de arco e setas, ao mesmo tempo em que outra figura conduz um touro. Embora copiado de uma fonte assíria (o guarda-sol e a árvore sagrada), esta placa transformou-se em, como por encanto, em puro estilo iraniano: as vestes compridas e franjadas, com frisos laterais bordados, vêem-se representadas, nos trabalhos de metais forjados do Luristão e especialmente na grande quantidade de ornamentos de cinto de ouro e de bronze, ostentando, gravadas, procissões e figuras em cerimônias e rituais, todas no mesmo estilo, pouco trabalhado, da placa de marfim de Ziwiyeh. De tudo isso se conclui que um conjunto de convenções artísticas liga o Luristão aos territórios dos Mannai, parecendo não haver dúvidas de que os habitantes destas duas regiões, durante o primeiro milênio, tenham tido origem no mesmo movimento iraniano. Estreitamente ligadas à história política, tanto dos Mannai como dos Luristanos, no século VII, estavam duas tribos iranianas que iriam pouco depois dominar todo Irão Ocidental.
Desconhecidos da história do segundo milênio, os nomes tribais de “Madai” e “Persua”, os inesparáveis “Medos” e “Persas” dos Gregos, são mencionados pela primeira vez nos registros históricos da Assíria do século IX a.C. os chefes destas duas tribos pagavam tributo à Assíria, no reinado de Salmanasar III, e neste tempo os Persuas estavam fixados a sul e sudoeste do Lago Urmia, e os Madai nas vertentes de sudeste e de leste dos montes do moderno Luristão, espalhando-se para leste, para a região planáltica, um pouco ao norte da área que foi conhecida como a Média. Nos tempos arqueménidas. Os Persua, entretanto, movimentaram-se para Zegros, onde a sul estabeleceram um segundo clave na parte central, num território em que a Assíria exigia submissão. Sargão II colocou guarnições assírias dentro do território persuash, cuja cabeça era Kharkhar (“Fortaleza de Sargão”), não muito longe do local da moderna cidade de Hamadão. Contudo, no tempo de Sargão já os Persua ocupavam os vales nos sopés de Bakhtiari, a oeste de Shuastar e a nordeste de Susa, perto do território elamita de Ansan. A esta nova área de fixação chamaram “Persumash” e a grande massa dos Persua foi-se ali estabelecendo pouco a pouco, tendo eventualmente tomado o território de Ansan ao vacilante Reino Elemita.
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