Acadêmico: Tiago Portes Borges
Resenha: O livro faz parte da Coleção “Historia Mundi”, e apresenta na parte inicial, uma tábua cronológica, de grande utilidade para entendermos os períodos gregos. Dividindo os períodos em Idade do Ferro, Período Arcaico e Período Clássico, fazendo um cruzamento com a história grega, história oriental, literatura, filosofia, arte e arquitetura, relaciona os principais eventos como Conquista espartana de Messina, Fundação da Liga de Peloponeso, Democracia em Atenas com os anos correspondentes em que ocorreram.
No primeiro capítulo, o autor faz um Antecedente, como ele mesmo chama no livro, da Grécia, contando suas principais características de relevo, agricultura, comércio, construções, meios de transportes utilizados na época antiga e atual. Apresenta ainda mapas físico e político da Grécia. O próximo capítulo, descreve sobre a Idade do F erro antiga, que foi do século XI até aos fins do VIII a. C. que começou com as invasões dóricas, no fim da Idade do Bronze. O autor discorre sobre Deuses e divindades, guerras do período, dedicação dos gregos à arte e objetos encontrados. No terceiro capítulo, fala sobre o Período Arcaico, dos fins do século VIII até 480 a. C. O que marca a passagem para esse período, é basicamente quando surgiu, na época, uma série de invenções e iniciativas que transformaram a cultura da Grécia, o aumento da população que levou à colonização e ao comércio, enfim, um conjunto de ações que gerou a primeira civilização de tipo moderno.
O autor reclama um pouco das fontes históricas do período, dizendo que em geral, os escritores antigos não se preocupavam muito com a economia, tendo então, pouquíssima informação direta do Período Arcaico. O comércio era considerável, a indústria era mais praticada no nível de trabalho artesanal do que, propriamente fabril, e em geral a oficina de utensílios era uma empresa familiar, destacando-se a fabricação de cerâmica. As cerâmicas encontradas têm sido extremamente úteis na datação dos locais arqueológicos, pois são riquíssimas em informações. Uma invenção importante do período foi Ada moeda, nos fins do século VII na Lídia. O autor escreve sobre seu processo de fabricação, como deve ter surgida, e sua evolução, com a aproximação de suas características com a moeda dos dias atuais. Os gregos tiveram sempre grande interesse pela política, tanto prática quanto teórica, e desse fato, sobreviveram muitas informações que se relacionam com o desenvolvimento do Período Arcaico. O próximo período, o Clássico, relatado no capítulo IV do livro pelo autor, que foi de 480 a 338 a. C. é descrito muito bem, e conta da invasão dos Persas por terra e mar na Grécia, até mapas das cidades, seus principais monumentos, com plantas baixas, curvas de nível dos relevos e desenhos de maquetes. Para o autor, nesse período, o ideal nos tempos clássicos era o lazer, e não se acreditava que o progresso material fosse inevitável, ou sequer possível.
O final do livro é reservado às notas das figuras, que vão desde os mapas, desenhos humanos, de navios de guerra, reconstituições de terracotas, desenhos de objetos encontrados como diademas, broches, enfim, até a posição de esqueletos nas sepulturas. Encontra-se nas últimas páginas, as fotos, em preto e branco mas de valiosa contribuição, todas numeradas e com as respectivas notas, as quais, no livro o autor faz referência. O livro, com suas 274 páginas, é de leitura simples e prática, atendendo muito bem o objetivo de informar, completo no sentido de informações como figuras, fotos, mapas e croquis, o que facilita em muito o entendimento.
Trecho selecionado: “O período Clássico”
Trecho: O período Clássico insere-se entre as datas em que tiveram lugar os assaltos persa e macedônico à Grécia, repelido o primeiro, vitorioso o segundo. Neste período, a originalidade grega expressou-se, para bem e mal, da forma mais completa e característica, e algumas das suas últimas realizações perduraram. O nome Clássico está perfeitamente adequado. Em 480 a. C. os Persas avançaram por terra e por mar ao longo da costa oriental da Grécia. Os espartanos, que evidentemente, comandavam as forças gregas, não esboçaram qualquer resistência séria além do istmo de Corinto, que era suficientemente estreito para ser fortificado, e, depois de uma demora, curta mas custosa, na passagem das Termópilas, o exército persa prosseguiu para a Ática, recebendo a submissão de todos os estados gregos ao longo da estrada para o Peloponeso, com exceção de Mégara, Platéias e, significativamente, Atenas.
Ainda que os Atenienses, depois, se vangloriassem sempre seu orgulho pela independência grega, havia, como eles sabiam, muito pouco a perder com isso: já tinham provocado os Persas demasiado, juntando-se à revolta dos Jônios e, depois, com os de Platéias, derrotando uma força punitiva em Maratona. Assim, evacuaram a Ática e, sendo a primeira potência naval e a segunda militar entre os estados confederados, insistiram numa estratégia ofensiva e decidiram provocar uma batalha naval ao largo de Salamina. A vitória foi bastante para dar aos Gregos o comando do mar – contanto que os Atenienses não desertassem. Esta condição auxiliou os Espartanos a decidirem-se, no verão seguinte, a arriscar uma campanha para além do istmo, do que resultou a batalha decisiva de Plasteias.
Os Persas, derrotados, partiram para a sua pátria, não sendo molestados pelos vitoriosos, que preferiram consagrar-se a libertar os seus companheiros gregos, ao longo do Egeu. Os Espartanos eram ainda os comandantes, mas, como a sua conduta, por vezes, era tíbia, se não pior, em 478 a. C. muitos dos gregos orientais e insulares convidaram Atenas a chefiá-los na luta pela liberdade e para a proteção contra a Pérsia – e assim se fundou o imperialismo Ateniense. Os aliados forneciam contingentes fixos às forças da liga, ou, como a maior parte deles preferiu, pagavam em dinheiro o equivalente respectivo. Atenas, em pouco tempo, ficou com a completa superintendência da orientação política e da ação, acabando, gradualmente, por tratar os aliados como vassalos. O resultado foi a Grécia e o Egeu – com algumas importantes exceções, como a da Tessália – dividirem-se em dois blocos. A Liga do Peloponeso, dirigida por Esparta, era forte em terra, preocupava-se com a agricultura e tinha um regime oligárquico; a Aliança Ateniense, baseada no poder naval era mais comercial e democrática. Esta divisão oferecia os seus riscos. Corinto, especialmente, cidade comercial muito importante, permaneceu do lado espartano; embora Atenas estivesse em ligação, por muralhas, com o seu porto, a Ática ficou a descoberto para uma invasão por terra; contudo, os Atenienses acharam que o imperialismo compensava (como a sua Acrópole ainda o mostra).
Duvidava-se que a guerra viesse, o que é certo é que veio. Cerca de 450 a. C., Atenas por meios vários, aliou-se com Mégara, Beócia e até com Aquéia, mas, por alturas de 445, este império terrestre estava já destruído. O segundo e mais amplo conflito – a Guerra de Peloponeso – começou em 431, depois de Atenas ter atacado os interesses de Corinto e Mégara. Poucas guerras se conhecem melhor do que esta, graças à análise, viva e penetrante, que nos deixou Tucídides, historiador e político contemporâneo. Em geral, os Espartanos eram muito prudentes e os Atenienses muito audaciosos, mas, de começo, nenhum dos lados causou importantes danos ao outro, e em 421 acordaram-se condições de paz que não foram, aliás, respeitadas. Dois anos mais tarde, Atenas, em ligação com Argos, tentou uma ofensiva no Peloponeso. Quando falhou, o seu imediato plano grandioso foi estender o império para o Ocidente, conquistando Siracusa e a Sicília (415-413 a. C.). Esta tentativa esteve quase a triunfar, mas, derrotada afinal, Atenas perdeu a melhor parte de sua esquadra e do seu exército. Era quase o fim; os Espartanos tinham já uma base permanente na Ática e reuniram agora navios e incitaram os aliados de Atenas à revolta.
Os Atenienses, porém, reconstituíram-se ainda, e os Espartanos tiveram de aceitar o apoio e as condições persas, antes de surpreenderem a última esquadra ateniense na costa e poderem levar a fome a Atenas até que esta se rendesse. Mas só em 404 a. C. Esparta ficou vitoriosa. Os Espartanos estavam decididos a garantir a paz entre os Gregos, mas contavam para isso só consigo. Assim, não destruíram Atenas (como os costumes de guerra permitiam), nem mataram ou escravizaram os Atenienses, talvez com medo de que, sem um adversário na vizinhança, os Beócios se tornassem demasiado independentes; arrebataram o Império Ateniense, instalaram os seus próprios governadores e guarnições nas cidades que libertaram e elevaram os impostos.
Depois aproveitando a marcha dos Dez Mil de Xenofonte através do Império Persa, ocuparam a ÁsiaMenor para libertar as cidades gregas (antes protegidas por Atenas) e para pilhagens fáceis. Os Persas ripostaram, recrutando mercenários gregos para os seus exércitos e subsidiando os estados gregos para atacarem noutros pontos. Desta forma, em 387 a. C. os Espartanos cederam à Pérsia todo o continente asiático e concentraram-se na restauração da ordem na Grécia. Finalmente, em 371, enviaram um exército à Beócia para humilhar Tebas, que era a última recalcitrante, mas os Tebanos, que tinham aprendido e praticado táticas novas, ganharam uma vitória concludente em Leuctras e invadiram, depois o Peloponeso para libertar os Messênios e estabelecer uma federação mais poderosa na Arcádia.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário