BASS, G. Arqueologia Subaquática. Lisboa: Verbo, 1969

Nome de aluna: Marília G. Puff

Resenha:
Em sua obra “Arqueologia Subaquática”, George Bass nos dá uma ampla visão de como são realizadas as escavações subaquáticas. Mas vai, além disso, também explora o termo dado á esse estudo, mostrando as represálias que a arqueologia subaquática sofreu por parte de alguns estudiosos como “um eminente arqueólogo afirmou recentemente que a arqueologia subaquática é pura loucura, ponto de vista este compartilhado por muitos outros” (p.19).

Sobre o objetivo de seu livro, o autor diz em seu prefácio, que inicialmente pensou em escrever uma obra falando na arqueologia subaquática do Mediterrâneo, área com que está mais familiarizado, mas foi impulsionado a estudar num contexto geral todas as áreas exploradas pela arqueologia subaquática, focando em um estudo do passado e do presente ao redor do mundo.
Apresenta-nos como são as dificuldades e diferenças que um arqueólogo acostumado com sítios terrestres enfrenta ao entrar em contato com uma estação subaquática. Alguns dos métodos que são utilizados em terra podem ser utilizados embaixo d’água, embora muitos dos métodos da arqueologia subaquática são restritos apenas a essa área. A qual o autor cita que na verdade “a arqueologia subaquática devia chamar-se simplesmente ‘arqueologia’. Aos que trabalham no topo do monte Nimrud Dagh na Turquia não chamamos ‘arqueólogos de montanha’, como também, não designamos por ‘arqueólogos de selva’ os que trabalham em Tikal, na Guatemala” (p. 17).

Sobre o valor que a arqueologia subaquática recebe, o autor diz que “muitos problemas da história podem encontrar uma solução na descoberta e escavação de um ou dois naufrágios” (p. 181).

O autor faz uma explanação dos métodos que são utilizados numa estação subaquática. Os quais, cada um recebe um capítulo onde são minuciosamente apresentados. Para materializar os métodos de escavação que ele cita, o mesmo utiliza-se de exemplos de escavações onde em algumas delas o próprio Bass esteve presente.

O autor finaliza sua obra mostrando como supostamente será o futuro da arqueologia subaquática.

A arqueologia subaquática, uma área de estudo muito recente, a qual ainda há de trazer aos nossos olhos, coisas que apenas se conservaram por estarem submersas.


Trecho: “Apresentando a Arqueologia Subaquática”.

A arqueologia subaquática, como ficou demonstrado nos capítulos precedentes, difere, nos seus métodos, da arqueologia em terra firme, e o seu futuro está estreitamente ligado aos progressos que se fizerem na arte de mergulhar e na tecnologia subaquática. Alguns fatos respingados dos naufrágios conhecidos do Mediterrâneo revelam as presentes limitações da arqueologia subaquática e dão idéia do que pode esperar-se do futuro.

Não obstante as muitas referências feitas, na Antiguidade, a barcos afundados por tempestades e em batalhas perto de pontos identificados, nenhum desses naufrágios clássicos foi encontrado como resultado de uma prospecção cientifica do gênero da que levou a descoberta do Vasa e de vários outros naufrágios posteriores, foram todos descobertas acidentais feitas por pescadores, mergulhadores desportivos ou pescadores de esponjas. O mar é demasiado extenso para permitir a pesquisa de naufrágios antigos por mergulhadores nadando sob as ondas. A expedição que primeiro efetuou mergulhos para o naufrágio da Idade do Bronze do cabo da Gelidónia, mesmo seguindo as instruções quase rigorosas dos mergulhadores de esponjas que o haviam encontrado, levou dias para localizar os quase invisíveis restos que jaziam cobertos de concreção e de plantas. Encontram-se, por vezes, artefatos, na maioria quebrados, em perigosos recifes em águas baixas, tal como em Yassi Ada, mas é necessário perseverança e sorte para localizar os navios melhores conservados e a maiores profundidades nas suas vizinhanças.

Pequenos submersíveis, que alargam o raio de ação e o tempo de imersão dos investigadores, poderão aumentar a sorte. A televisão subaquática, adequadamente rebocada por um barco para pesquisas, pode detectar indícios de interesse mesmo com luz muito precária e aumentar a profundidade de tais pesquisas. O sucesso da aplicação destes dois métodos depende, porém, da existência de indícios visíveis. Jazendo entre dois navios naufragados, em Yassi Ada, encontra-se uma enorme embarcação da qual apenas uma barra de metal sobressaia da camada de areia que a cobria quando foi detectada pela primeira vez. É de admitir que certos navios jazem nas vizinhanças, cobertos por escassos centímetros de areia. Aparelhos detectores de metais, rebocados do mesmo modo que as câmaras de televisão, poderão ser úteis nestes casos, assim como os magnetómetros de protão estanques, que podem ser aperfeiçoadas para detectar não só metais como massas de cerâmica. Os recentes aperfeiçoamentos introduzidos nos mud-pingers e outros instrumentos sônicos de extrema sensibilidade indicam que estes têm também grandes probabilidades de vir a ser de muita utilidade na localização de outros indícios cobertos pelo lodo e pelas areias do fundo dos mares.

Nenhum dos naufrágios estudados no Mediterrâneo jaz profundidades de 60 ou mais metros, embora os arrastões de esponjas tragam constantemente nas suas redes de cerâmica e de metal de muito maiores profundidades. Uma vez localizados com precisão esses sítios, quiçá, com os métodos que acabamos de mencionar, a sua exploração cientifica continuará a depender grandemente da moderna tecnologia. Os submarinos tornarão possível aos arqueólogos traçar mapas localizando indícios visíveis por meio da fotografia estereoscópica; poderão remover as areias com sugadoras portáteis e de flutuação neutra, comandadas à distancia, por manipuladores ligados ao submarinos. Uma vez feito o registro in situ dos objetos, podem ser levantados e colocados em cestos ou amarrados a balões que os tragam para a superfície.
Não se trata de ficção cientifica. Todos os métodos são praticáveis e estão planificados no programa de pesquisas de arqueologia subaquática da Universidade da Pensilvânia. Fica por resolver a questão do toque direto da mão experimentada do arqueólogo na estação. A presente controvérsia cientifica sobre a exploração do espaço exterior é mais pratica usando veículos tripulados ou não tem resposta fácil no que se observa quanto à exploração arqueológica no espaço interno: só uma vasta multidão dos mais delicados instrumentos possíveis de imaginar poderia limpar e levantar os frágeis e fragmentários pedacinhos de madeira, que são tão fácil e delicadamente manuseados pelos mergulhadores humanos. [pgs. 175-177]

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