CARDOSO, Ciro Flamarion S. O Egito Antigo. São Paulo: Brasiliense, 2004

Daniéle Aparecida Moreira Bueno.

Resenha:
O autor faz neste livro uma análise das estruturas econômicas- sociais, bem como sobre a história política desta civilização.

Seu estudo acerca do Egito Antigo, aborda um período que se estende por 2.700 anos. Onde o autor aponta que este manteve uma organização social e política, a qual é analisada por ele. Esta organização permitiu que o Egito Antigo ( tribal), passasse á uma sociedade, classe regulada por um Estado. Analisa, ainda a continuidade e a longevidade que impressionam no ponto de vista cultural. O que pode ser observado com a língua egípcia antiga, que manteve –se estável “embora sofrendo mudanças durante quatro mil e quinhentos anos”. Assim como a grande permanência dos padrões culturais egípcios sendo a “escrita hieroglífica, concepções acerca da realeza, religião, estilos artísticos, estruturas econômicas –sociais...”(p 8).

O autor aborda aspectos sobre a Economia e Sociedade egípcia. No âmbito da economia, aponta características referentes á agricultura, a criação e a atividade artesanal desenvolvida, bem como o comércio. A economia antiga é designada por ele como “estatismo faraônico”(p36).
Em seu livro o autor também analisa os acontecimentos ocorridos entre o III e o I milênio. Focando-se no II milênio (Reino Novo), devido este “apresentar o auge da riqueza e do refinamento da civilização faraônica”(p60). Neste resumo da história faraônica, o autor pretende demonstrar que “o pais mudou mito ao longo dos milênios de tal história”(p82).

O autor analisa aspectos da vida intelectual (o pensamento egípcio). As características presentes na religião (politeísta). Aborda aspectos da escrita, língua, literatura, as artes plásticas, que tinha por sua vez “o faraó como o principal e maior consumidor de arte, por concentrar a riqueza e a mão-de-obra especializada e não-especializada necessária, as épocas de apogeu artístico coincidem com o auge do poderio faraônico”(99).

É por ele, uma analise acerca do “modo de produção asiático”, baseando-se em estudos de Marx e Engels, bem como em trabalhos recentes. O qual é colocado por ele, como sendo, “ o que mais ajuda a entender as articulações internas de uma formação social”(p108). Colocando que para explicar o modelo estudado neste livro (o Egito faraônico) é inaceitável as “hipóteses da “causalidade hidráulica” e da “estagnação”(p 107).

Em síntese podemos observar que o autor direciona-se á analise das estruturas econômicas- sociais, assim como, a história política desta civilização, o que faz diretamente. Analisa o Egito Antigo, sem apresentá-lo pelos aspectos que nos são lembrados, como as pirâmides. Sua analise porém, aponta que, o Egito Antigo é um país que sofreu declínios no decorrer de sua história, mas que os supero-os . O que ocorreu devido este ter uma organização econômica - social e política.


Título do trecho selecionado: ‘’Conclusão”

Trecho:
Entre aproximadamente 3000 e 332, o Egito conheceu varias épocas de unidade dinásticas e centralização (aproximadamente 70% daquele período de quase dois mil setecentos anos), em alternância com fases de descentralização, dinastias paralelas ou domínio estrangeiro. Alguns autores, como J. Pirenne, apresentam por isso a História faraônica como tendo caráter “cíclico”.

A identidade política e étnica do pais como reino –ou, mais exatamente, como dois reinos unificados na e pela pessoa do monarca-, em outras palavras e usando um temo algo anacrônico, a nação egípcia antiga nasceu- e depois renasceu diversas vezes- da conquista e se conservou por mecanismos religiosos (em especial, mas também ouve outros fatores do tipo ideológico), fiscais e militares. Favorável a união era o foto de que a população vivia em aldeias pouco vinculadas entre si, à mercê de uma burocracia central e poderosa, e também a maior prosperidade que inegavelmente acompanhava os períodos de centralização monárquica, quando as estruturas econômica - sociais do Vale e do Delta eram coerentemente administradas. Os fatores de diversidade regional e desunião mantiveram-se sempre, porém, muito mais fortes; embora nem sempre visíveis, em virtude de a massa de fontes disponíveis originar-se no aparelho de Estado e setores a ele associados. Já vimos que a topografia do pais dificultava as comunicações internas. Todos os egípcios falavam a mesma língua, mas as diferenças dialéticas eram suficientemente marcadas para que um natural do Egito meridional não pudesse ser compreendido pelos habitantes do Delta. E m cada nomo, o deus local continuava sendo visto como divindades suprema, por mais que uma divindade dinástica fosse proclamada como a principal de todo o país oficialmente. O sistema de irrigação vigente poderia eventualmente ser operado em escala local.

Bastava um enfraquecimento do poder central para que o Egito corresse o risco de cindir-se em doía reinos pré-dinásticos, ou mesmo para que os nomos, ou grupos deles, tentassem recuperar sua autonomia. Dada a baixa produtividade por trabalho empregado, ligadas a forcas produtivas no conjunto limitadas, só um Estado unificado poderia mobilizar recursos suficientes- homens, excedentes reunindo tributos ou pela exportação direta dos dominós reais e dos templos- para que grandes obras publicas e uma corte e intelectualidade brilhantes fossem possíveis. Por isto, os períodos de descentralização política foram também épocas de decadência artística e cultural, e que são portanto mal conhecidas por nos (já que nelas se geraram menos fontes escritas ou arqueológicas).

Outro fato chama a atenção na longa História egípcia. Mesmo se, a partir do episodio hicso, o país imigrações pacíficas e invasões violentas de estrangeiros, é impressionante como tais incidências do exterior- mesmo introduzindo, como vimos que o fizeram, importantes elementos de tecnologia- modificaram pouco os padrões fundamentais da vida do Egito, marcados indelevelmente pelas determinações de agricultura irrigada em estreita dependência das cheias do Nilo. Isto e a forca inegável da civilização faraônica poderosos de assimilação e aculturação dos recém-chegados através dos tempos. Não se deve confundir a estabilidade das características básicas co imobilidade, no entanto: o resumo que fizemos da História faraônica deve ter bastado para demonstrar que o país mudou muito no decorrer dos milênios de tal História.

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